O livro que deu origem ao filme "Na Estrada", de Walter Salles
Pouco antes da meia-noite de 4 de setembro de 1957, Jack Kerouac e Joyce Johnson, a jovem escritora com quem ele estava vivendo, saíram do apartamento dela no Upper West Side, em Nova York, para esperar, numa banca de jornais na esquina da rua 66 com a Broadway, pela edição do dia seguinte do The New York Times. Kerouac fora alertado por seu editor que o romance On the Road, que escrevera havia quase dez anos, mas só então era publicado, seria comentado pelo mais prestigiado jornal americano.
Sob a luz difusa de um poste, Jack e Joyce folhearam avidamente as páginas do Times até depararem com a crítica. Assinada por Gilbert Millstein, dizia: “On the Road é o segundo romance de Jack Kerouac, e sua publicação é um evento histórico, na medida em que o surgimento de uma genuína obra de arte concorre para desvendar o espírito de uma época. (…) É a mais belamente executada, a mais límpida, e se constitui na mais importante manifestação feita até agora pela geração que o próprio Kerouac, anos atrás, batizou de beat e da qual o principal avatar é ele mesmo”.
“Após ler a resenha”, Joyce Johnson relembra, “Jack foi dormir no anonimato pela última vez. Quando o telefone nos despertou na manhã seguinte, ele era famoso”.
Estava deflagrado o mito de On the Road.
(Eduardo Bueno, introdução de On the Road)
Responsável por uma das maiores revoluções culturais do século XX, “On the Road”, traduzido por Eduardo Bueno, mantém intacta sua aura de transgressão, lirismo e loucura. Como o gemido lancinante e dolorido de “Uivo”, de Allen Ginsberg, o brado irreverente e drogado de “Almoço Nu”, de William Burroughs, ou a lírica emocionada e emocionante de Lawrence Ferlinghetti, “On the Road” escancarou ao mundo o lado sombrio do sonho americano. A partir da trip de dois jovens – Sal Paradise e Dean Moriarty –, de Paterson, New Jersey, até a costa oeste dos Estados Unidos, atravessando literalmente o país inteiro, Jack Kerouac inaugurou uma nova forma de narrar. Em abril de 1951, entorpecido por benzedrina e café, inspirado pelo jazz, Kerouac escreveu a primeira versão do que viria a ser “On the Road”. Uma prosa espontânea, como ele mesmo chamava: uma técnica parecida com a do fluxo de consciência.
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Opinião do Leitor
George
São Paulo
Para quem, por motivo qualquer motivo, sente-se atado à própria realidade sem cessar, On The Road é um espectro de liberdade possível.
18/08/2014
Agatha
Diego Luke Santana
Recife/ PE
O livro que marcou a minha vida. Logo depois de ter tido um princípio de avc, quando acordei disse à minha mãe que precisava ler "On The Road". É necessário ter essa experiência antes de qualquer coisa. E voltar a ela sempre que necessário.
04/07/2012