“A gente é a soma das nossas decisões.”
É uma frase da qual sempre gostei, mas lembrei dela outro dia num local inusitado: dentro do supermercado. Comprar maionese, band-aid e iogurte, por exemplo, hoje requer o que se chama por aí de expertise. Tem maionese tradicional, light, premium, com leite, com ômega-3, com limão. (...)
Assim como antes era mais fácil fazer compras, também era mais fácil viver. Para ser feliz, bastava estudar (Magistério para as moças), fazer uma faculdade (Medicina, Engenharia ou Direito para os rapazes), casar (com o sexo oposto), ter filhos (no mínimo dois) e manter a família estruturada até o fim dos dias. Era a maionese tradicional.
Hoje existem várias “marcas” de felicidade. Casar, não casar, juntar, ficar, separar. Homem e mulher, homem com homem, mulher com mulher. Ter filhos biológicos, adotar, inseminação artificial, barriga de aluguel – ou simplesmente não os ter. Fazer intercâmbio, abrir o próprio negócio, tentar um concurso público, entrar para a faculdade. Mas estudar o quê? (...)
A vida padronizada podia ser menos estimulante, mas oferecia mais segurança, era fácil “acertar” e se sentir um adulto. Já a expansão de ofertas tornou tudo mais empolgante, só que incentivou a infantilização: sem saber ao certo o que é melhor para si, surgiu o pânico de crescer.
Trecho da crônica “Medo de errar”
Passar pela vida à toa é um desperdício imperdoável
Que o mundo está uma doidice sem tamanho não é preciso dizer. Que estamos cada vez trabalhando mais, ficando mais tempo no celular e no trânsito, nem se fala. Então como sobreviver, ou melhor, como viver em meio a este caos que se transformou a nossa vida? Para Martha Medeiros, a grande questão é se desapegar daquilo que é desnecessário, que nos faz mal, que nos atrasa, e enxergar a graça da coisa – sendo a “coisa”, no caso, a própria vida.
É deixar ideias pré-concebidas de lado, saber rir de si mesmo, se reinventar; estar aberto para encontrar o amor onde menos se espera, é transformar a ansiedade em sabedoria, é saber ouvir, é um conjunto de pequenas atitudes que, se colocadas em prática, vão nos ajudar a levar uma vida mais desestressada e, de quebra, nos surpreender.
Reverenciando a tradição da crônica brasileira, Martha Medeiros fala cara a cara com o leitor, mostrando que não estamos sozinhos nas nossas neuroses diárias. Esta coletânea de oitenta textos que abordam os temas mais caros à autora – o amor, o cinema, os relacionamentos, as relações familiares, entre muitos outros – traz, sem dúvida, alguns dos assuntos sobre os quais mais nos indagamos hoje em dia: um prato cheio para o autoconhecimento.
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Opinião do Leitor
Rafaela Câmara
Santo André/SP
EXCELENTE!!! Como tudo que ela escreve! Super recomendo!
04/02/2015
Agatha
marilena Lopes
Pelotas /RS
Adoro as crônicas da Martha Medeiros. Parece que tudo que ela escreve diz respeito a gente diretamente. É como se nós podessemos ter sido a autora. Pena não termos esse dom maravilhoso. Eu até que tento, mas não é fácil como parece.Parabéns Martha. Que deus sempre te ilumine assim para nosso prazer.
24/11/2014