“Torço pelo goleiro como quem torce pelo mais magro no boxe, pelo maratonista que está desidratado, pela estudante bolsista, pelo menino tímido do baile, torço pelos goleiros como quem torce pela ideia audaciosa que a estagiária apresentou na reunião, pelo livro de estreia de um poeta, pela menina que trocou de escola e não conhece ninguém, torço pelos que agarram as bolas violentas e as devolvem pra vida, suavemente.”
“A arte nos amadurece. Ela confia que podemos ir além do pensamento médio. Ela nos ajuda a vencer o medo das mudanças. Tira as rodinhas das nossas bicicletas.”
“Em vez de focar em ter fortuna, que induz ao excesso de consumismo, mil vezes trabalhar menos, voltar para casa mais cedo e pedir uma pizza. Desculpe o provincianismo, sei que pode soar chocante.”
“Pela primeira vez eu vivia a continuidade de um desejo tranquilo e eterno, que soube acalmar as palpitações endiabradas do meu cérebro, bastando para isso dois minutos, não mais que dois minutos de um olhar, de uma mão afastando a mecha do cabelo sobre o meu rosto, dois minutos de um beijo prolongado, os dois minutos que residem para sempre naquele ontem à noite.”
“O mundo não quer mais saber de sonhadores, eu sei, mas o mundo está errado.”
(Extraído das crônicas de Conversa na sala)
LOUCAMENTE MADURA
Quase cinco anos após o lançamento de sua última coletânea de crônicas recentes, depois de uma pandemia que não deixou ninguém indiferente, Martha Medeiros brinda os leitores com mais de 120 crônicas escritas entre fevereiro de 2018 e abril de 2023. Este livro é diferente dos outros. Claro, traz textos deliciosos com a verve conhecida da autora; transborda de intimidade e daquela sensação de conversa ao pé do ouvido que faz o deleite de seus milhares de fãs. Mas as crônicas aqui coligidas estão encharcadas da sabedoria e da loucura da maturidade.
Nunca antes Martha deu tanta atenção à ambiguidade inerente aos seres humanos: por um lado, a necessidade de se relacionar com os outros, de nutrir o ser gregário que há em nós; por outro, a vontade da solidão que bate de tempos em tempos e que também nos restaura.
No cardápio da vida que a autora nos oferece, há ideias sobre as relações interpessoais em tempos de redes sociais; sobre aquilo que nos une como sociedade e o que nos diferencia uns dos outros; verificação de fake news sentimentais e a percepção da arte como droga altamente viciante – sem a qual é impossível viver.
Como uma conversa na sala entre adultos, os textos de Martha Medeiros falam sobre a dor e a delícia do existir. Mas são, antes de mais nada, uma vacina contra o tédio, a casmurrice e o mau humor. Tome já a sua dose.
Os Editores
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