Daniel Aço
Porto Alegre/RS

Embora não tenha lido toda a obra de Jack London, desejo que provavelmente um dia realizarei, reafirmo constantemente a certeza de que todos os livros seus são, no mínimo, muito bons. Tal fato também não me foge com relação a este Antes de Adão, cujo título, a contar de imediato e até pela polêmica suscitada, contrapõe-se a ideias referentes ao criacionismo. Sim, mesmo sendo obra essencialmente literária, escrita, pensada e lida como tal, há nesse livro uma particularidade: além de alimentar a polêmica com relação a dogmas religiosos, muito em voga à época em que foi escrito, sua história também se nos revela como um ensaio antropológico em prol do evolucionismo. Consta, inclusive, que com muita propriedade é utilizado como leitura introdutória e complementar a estudos antropológicos em universidades americanas. De qualquer modo, realço que literariamente a obra é boa, uma leitura em que o homem de hoje se vê comparado aos primatas das cavernas, cujos inimigos e perigos de outrora ainda atualmente subsistem. No contexto, por exemplo, o Dentuço (Jack London) narra sua amizade com Orelha de Abano, sua atração por Ligeira, sua inimizade com o padrasto Tagarela e seu terror a Olho Vermelho, o atavismo social. Jack London dispensa apresentações e maiores comentários. Excelente.

19/04/2010