Como lidar com as consequências do sucesso do Homo sapiens?
Não faz muito tempo, diferentes espécies humanas coabitavam a Terra e compartilhavam técnicas e genes. Depois, populações sapianas mais recentes (nossa espécie) saíram da África e partiram a pé e de barco para conquistar o mundo, até a Austrália e as Américas, antes de eliminar os neandertais da Europa e os denisovanos da Ásia.
Tal é a esplêndida aventura contada por este ensaio. Mas será que essa espantosa capacidade adaptativa do ser humano beneficiará nossa sobrevivência em um mundo urbanizado, hiperconectado, poluído, ameaçado por pandemias (como a da covid-19) e com ecossistemas devastados? Pois a evolução nunca para.
Com seu talento incomparável como divulgador científico, o paleoantropólogo Pascal Picq questiona as noções de progresso e evolução, e demonstra como o inigualável sucesso do Homo sapiens o torna o único responsável pelo futuro de sua própria espécie. Conseguiremos lidar com as consequências da nossa espetacular adaptação na Terra?
A saga da humanidade e seus desafios
A humanidade está entrando em uma fase inédita de sua evolução, tanto pelo novo olhar que tem sobre o passado quanto pelos questionamentos sobre o futuro. Esta dupla mudança de perspectiva que nos confronta desde o início do século XXI deve-se tanto às revelações trazidas por novos fósseis e informações paleogenéticas como à revolução digital em curso globalmente, num contexto de degradação do planeta e urbanização massiva.
Eis a questão vital que nos atormenta: nossa espécie, Homo sapiens, pode se adaptar às consequências de seu deslumbrante sucesso ao longo de 40.000 anos e de sua amplificação sem precedentes nos últimos cinquenta anos? Quanto mais bem-sucedida é uma espécie, mais ela precisa se adaptar às consequências de sua própria existência. Aqui estamos.
Não faz muito tempo, espécies humanas diferentes dividiram a Terra em três domínios: os neandertais na Europa, os denisovanos na Ásia e os sapiens na África. Elas trocaram técnicas e genes – hoje, a diversidade das populações vem em parte de genes capturados por múltiplas hibridizações com espécies irmãs tão humanas quanto os sapiens. Em seguida, populações sapianas recentes (a nossa espécie), deixando a África, partiram a pé e de barco para conquistar o mundo, até chegar à Oceania e às Américas, antes de eliminar os neandertais da Europa. Tal é a esplêndida aventura contada por este ensaio.
Mas será que essa espantosa adaptabilidade do homem ao longo de milênios nos será útil em um mundo urbanizado, hiperconectado, poluído e com meio ambientes devastados? Essa é a dimensão trágica dessa imensa história, pois o sucesso inigualável do sapiens agora o torna o único responsável por seu futuro.
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